Investir em uma franquia ou começar um negócio do zero?
Sempre ouvi dizer que o brasileiro é um dos povos mais empreendedores do mundo. Mas nem tudo que a gente ouve dá para crer não é mesmo?
Mas após uma boa temporada morando aqui na Terra do Tio Sam, vendo o Brasil de fora e comparando com os empreendedores aqui do EUA, muitas coisas que eu ouvia no Brasil sobre nosso povo, se confirmaram. E uma delas é que realmente o brasileiro é muito empreendedor. E há, pelo menos, dois grandes motivos para isto.
1. A necessidade faz as pessoas correrem atrás das oportunidades. E com a falta de emprego e baixos rendimentos, o brasileiro se arrisca e coloca o pé na estrada do empreendedorismo.
2. Há realmente os que têm talentos natos para empreender. E fazer isto é normal para eles. Diria até natural.
Para os empreendedores do primeiro motivo, muitos deles fazem história. Outros sobrevivem do negócio e outros infelizmente capengam por esta jornada. E os do segundo motivo, geralmente se dão muito bem! Mesmo que demore um pouco ou até muito. Mas é certo, vão se der bem e vão aproveitar as oportunidades. Isto por um só motivo: eles não precisam de férias, se divertem trabalhando.
Esta semana dei uma folheada no último guia de franquias do Brasil, checando como a Vilesoft estava ranqueada entre as redes de tecnologia e serviços. E vi as milhares de redes de franquias que o Brasil possui. Tem negócio para todo perfil, gosto, investimento, talento e oportunidades.
E como franquia é nossa praia há mais de quinze anos, começamos em 2004 e desde 2007 estamos na ABF Associação Brasileira de Franchising; recebemos candidatos a franquia do Brasil todo e de fora dele também, e com perfis muito diversos. Como o sucesso de qualquer rede de franquias está amarrado ao sucesso da operação do franqueado, não adianta colocar qualquer candidato a franquia para dentro da rede, se franquia não for um negócio para ele. Mesmo que ele tenha dinheiro para investir no negócio e quer muito, quando uma rede de franquias faz isto, e no início a maioria delas fazem, é pagar para dar errado para os dois lados.
Então se você tem também esta pergunta, se vale mais investir numa franquia ou começar um negócio do zero, se liga nas principais vantagens e desvantagens de cada uma destas duas opções:
Desvantagens:
1. O nível de incerteza e risco é exponencialmente alto. Ainda não há produto, não há praça, não há mercado, não há promoção, não há preço, não há clientes. E principalmente não há marca desenvolvida que tornaria tudo isto muito mais fácil e previsível.
2. Você terá que criar tudo do zero, ou contratar e custear especialistas para fazer isto para você. Praticamente todo empreendedor que opta por abrir um negócio do zero, em muitas funções, ele vai ter que “inventar a roda de novo”. Pois, para rodar no terreno das expectativas dele, as rodas existentes, geralmente emperram ou consomem muito combustível para girar. Até porque, nós empreendedores, temos a péssima mania de tentar melhorar processos quando os estamos implementando. Sempre achamos que há um jeito melhor de fazer. E há, mas isto tem que ser depois de tudo funcionando. Após o sistema implantado você pode e deve aplicar metodologias de melhorias de processos, PDCA.
3. As chances do negócio não “virar” são enormes. Basta ver os índices de mortalidades de novas empresas no primeiro, segundo até o quinto ano de vida. Porque as despesas são certas e crescentes, mas as receitas, que quase sempre são maravilhosas nas planilhas de cálculo, nos planos, na prática não batem nem a metade do previsto. Dependendo do negócio, como no varejo por exemplo, há literalmente dias no início da operação, que o caixa é zerado. Você não vende nada, absolutamente nada.
Vantagens:
1. É a melhor opção se você tem dificuldades em seguir padrões, regras e manuais de operação. Se você é inquieto e gosta de inovar todo dia e resolver as coisas muito rápido, franquia, com certeza, não e para você. Opte de cara, por estudar, planejar bem e então abrir um negócio seu, do zero.
2. Você terá total liberdade para pivotar, ou seja, mudar os rumos do negócio a qualquer hora, pois você é o CEO.
3. Você criará um marca sua. Poderá imprimir nela seu jeito, suas expectativas e crescer ou não conforme suas próprias expectativas e resultados.
Desvantagens:
1. Você terá que seguir padrões e manuais na risca. Até deve sugerir melhorias e mudanças. Mas é o franqueador quem decidirá se serão implementadas ou não. E isto não é só por vontade ou de ego do franqueador. Como agora é uma rede de franquias, o movimento de mudança é mais moroso e precisa ser muito mais cuidadoso, do que quando se tem poucas pessoas envolvidas.
2. Você precisa dispor de um capital maior para além de iniciar a operação do negócio, remunerar o franqueador por todo o Know How que ele desenvolveu e está lhe entregando. Para isto há a taxa de franquia, que você paga para entrar na rede.
3. Você precisa dar satisfação da sua operação, coletando dados e remetendo para o franqueador. Pois seus atos como um nó do sistema vivo da rede de franquias, impacta diretamente todos envolvidos na rede. E infelizmente as vezes, você terá que lidar com pares também franqueados, com perfis diferentes do seu. E ter que negociar e chegar em consensos democráticos, que podem não lhe agradar 100%, mas são necessários para a rede como um todo.
Vantagens:
1. Sem dúvida alguma, a melhor coisa que uma franquia lhe dá, são os padrões e manuais de operação. É o passo a passo, desde a contratação da franquia até a operação do dia a dia. Incluindo em como conseguir clientes, vender, atendê-los, resolver problemas e principalmente ter lucro na operação. É simplesmente repetir o que já deu certo e evitar o que deu errado. E que alguém, neste caso o franqueador, já pagou o preço para aprender e ajustar o modelo que ele está lhe franqueando. Novamente: é por isto que você paga a taxa de franquia para entrar na rede. Ela serve na maioria das vezes, para lhe treinar e lhe ajudar a colocar estes padrões em funcionamento.
2. Você não tem que criar nada, apenas garantir que toda a operação seja implantada exatamente como o franqueador lhe orientará. Isto gerará um atalho imensurável para seu negócio começar a girar e gerar caixa rápido. As chances de sucessos com uma marca conhecida ou até mesmo ainda desconhecida, mas com multiplicas operações que geram otimizações de compras e negociações, são enormes.
3. Você fará parte de uma marca que tem muitos pequenos como você, mas que na união de todos é uma coisa muito grande e continuamente crescente. O poder de compra, negociação e força comercial, publicitária e de marketing, é exponencial à qualquer negócio próprio começado do zero. E os índices do SEBRAE e outros institutos são claros em afirmar com fatos e dados, que as taxas de mortalidades das franquias é próximo de zero. E quanto ocorrem, geralmente é por falta de seguir padrões, ou movimentos bruscos que o mercado, política, economia e a inovação promovem.
Não opte em investir em uma franquia se realmente você é impaciente, intervém muito em processos e tem sérias dificuldades de seguir padrões e manuais de operação. Isto poderia gerar sérios problemas para você e para toda a rede de franquias. Dificilmente você se realizará num negócio assim.
Mas, ainda que se você tiver restrições baixas a média em seguir padrões, mas consegue se controlar e ver o real custo x benefício disto, ainda assim você terá enormes vantagens e será beneficiado pela união de muitos pequenos numa operação conjunta grande. Neste caso, opte sim por investir em uma franquia, será muito mais lucrativo e seguro.
E como o querido Professor Marins diz e gosto muito, “pense nisto” e empreenda com sucesso conforme seu perfil.
ROGER MAIA é Global CEO da Vilesoft, especialista em Startup e Anjo Investidor em inovação e tecnologia. É Mestre em Educação pela UEMG, Especialista em Sistemas de Informação pela UFMG, MBA em Gestão Empresarial pela FACED, graduado em Ciências pela FUOM, especialista em Liderança e Desenvolvimento de Equipes pela IBMI de Berlin de Alemanha, tem formação em Marketing Internacional pela ESPM, Estratégias de Internacionalizaçao de empresas pela FIA, Autor de livros na América e Europa, Professor universitário e de pós-graduação, é Jornalista pela ABJ. membro efetivo da SBC Sociedade Brasileira de Computação desde 2005 e membro do IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers of USA.